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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A Escola estadual do bairro Serviluz dá exemplo de superação e esperança


Cidade - Terça, 31 de Janeiro de 2012

Em meio a um bairro com baixo Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHm), projetos sociais e a escola levam a jovens perspectivas de uma vida melhor, baseadas na educação e em regras de convivência social. No Serviluz, considerado um dos mais violentos da Capital, a Escola Estadual Helenita Mota comemora, neste início de ano, além dos seus 25 anos, a melhoria dos seus indicadores e o ingresso de alunos na Universidade. Uma vitória para a instituição, que já foi considerada a pior escola de Fortaleza, em 2009, de acordo com reportagem da revista Época.

Apesar da carência de estrutura, desde 2010, programas voltados ao incentivo à leitura e aos estudos diminuíram a evasão escolar. Pais estão mais presentes na educação dos filhos e alunos com melhores desempenhos em provas institucionais, no Enem e vestibular.

De acordo com o coordenador pedagógico, professor Marcus José do Nascimento, a recente gestão, que conta com novos professores, a diretora Roberta Batista, e o apoio da Secretaria de Educação do Ceará (Seduc) e a Superintendência das Escolas Estaduais de Fortaleza (Sefor), trouxeram à Escola um novo “olhar” para o futuro, dando aos estudantes a expectativa de ingressar no ensino superior.

“Antes, a Universidade era algo irreal para os estudantes. Hoje, a perspectiva mudou, eles estão se esforçando. Viram que estamos investindo com ousadia, fazemos relatórios mensais, conversamos. É uma comunidade difícil de ser trabalhada, existe muita violência, mas vamos formar cidadãos e encaminhá-los ao ensino superior”, expande Marcus José.

PROGRAMAS E RESULTADOS

Para que os índices de aprovações fossem superados, a Escola conta com programas como o Mais Educação. São aulas extras de letramento, matemática, capoeira e informática durante todo o dia, para alunos do ensino fundamental. Existe também o Pré-vert, curso preparatório para vestibular e Enem, realizado todas as semanas.

A aprovação do aluno Wesley Zeferino Costa no curso de Filosofia da Universidade Estadual do Ceará (Uece) foi uma das grandes conquistas da Instituição. No ano de 2009, nenhum aluno havia se inscrito para a seleção da Universidade. No ano seguinte, foram 28 candidatos, dos quais três foram aprovados para segunda fase. Já em 2011, quase 40 estudantes fizeram o vestibular. Destes, sete passaram para segunda fase, três ficaram entre os classificados e Wesley alcançou a vaga.
Em 2009, o Sistema Permanente de Avaliação do Estado do Ceará (Spaece) teve participação de 44% dos alunos. Em 2011, o percentual saltou para 80%. “As melhores notas ganhavam um computador e estimulamos com simulados”. 

Já no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o número de inscritos saltou de quatro, em 2009, para mais de 60, no ano passado. Cerca de 100 alunos da Escola estão aptos para realizar o Exame. “A estratégia para o Enem é fazer simulados e oficinas de redação todas as semanas, durante todo o ano. Muitos eram analfabetos funcionais”.

ESTRUTURA

A Escola, que abriga cerca de 600 estudantes, possui apenas quatro salas de aulas. De acordo com Marcus José, a situação está gerando desconforto, principalmente, aos alunos do pré-vestibular e cursinho, que precisam recorrer ao Centro Social Luiza Távora, ao lado da Escola. Por conta da falta de espaço, em 2012, a Instituição só receberá alunos a partir da 9ª série.
“Já requeremos que a Escola seja ampliada. O Governo está tentando comprar um terreno ao lado para construir novas salas. Estamos esperando que o laboratório de Informática e o de Ciência funcionem também. Os funcionários estão fazendo sua parte, mas é preciso estrutura”, aponta o professor.


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