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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Enem: 639 provas anuladas


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Quinta, 27 de Outubro de 2011

 

Uma fraude anulou a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 639 alunos de Fortaleza. Foi comprovado que 14 questões já haviam sido divulgadas em exame simulado do Colégio Christus. Agora, a Polícia Federal investigará como a escola teve acesso ao conteúdo. Má-fé de professores, que pertencem a um grupo seleto de colaboradores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), organizador do Enem, é uma possível explicação para o vazamento.

Os alunos já têm uma nova data para a prova: 27 e 28 de novembro, quando será aplicado o Enem em unidades prisionais do Ceará. A polêmica envolvendo a escola e o Inep tem como fator central a existência de um pré-teste, que controla a qualidade das questões que vão para o Enem. Para a elaboração destas questões, o Inep dispõe de um grupo seleto de professores, que elaboram as questões e as vendem ao instituto, sob condição de sigilo e exclusividade.

“O MEC [Ministério da Educação], através do Inep, adota princípios para cadastrar esses colaboradores, como treinamento e avaliações. Caso seja comprovado que houve quebra de doação de direitos autorais, o culpado estará passível de ação judicial”, analisou o coordenador de Avaliação Institucional da Universidade Federal do Ceará (UFC), Wagner Andriola.

Conforme ele, um novo processo de inclusão de colaboradores para o pré-teste está em andamento. “Agora, a contratação não será mais de pessoas físicas [ professores], mas de instituições de ensino superior. A UFC participou de edital e já desempenhará este papel nos próximos anos”, ressaltou. 

O procurador da República, Oscar Costa Filho, recomendou ao MEC a anulação da prova para todos os alunos. “Anular apenas as provas dos alunos do Christus é uma solução desastrosa, pois não se sabe quais alunos, de fato, tiveram acesso às questões. Ou deve-se anular totalmente a prova ou, pelo menos, as questões. É necessário que se imponha, de uma vez, a constitucionalidade no Enem, que significa o direito de recorrer em caso dos candidatos se sentirem prejudicados”, considerou.

INEP

De acordo com o assessor de comunicação do MEC, Nunzio Brigulio Filho, “não há nenhuma possibilidade de anulação da prova ou das questões. Sobre a hipótese levantada pelo professor, o assessor a julga injustificável. “As questões estavam em cadernos diferentes e estavam em cadernos diferenciados”, explicou. Nunzio acrescentou que o Inep se exime de qualquer responsabilidade judicial, pois “cumpriu seu papel de forma correta”.

“A escola teve acesso a questões sigilosas, e assumiu isso através de nota de esclarecimento. A Polícia Federal esclarecerá como este acesso foi realizado”, afirmou o assessor. De acordo com nota direcionada à imprensa, esclarecendo o cancelamento das 639 provas, o Inep ressaltou: No entender do Inep, esse fato configura uma quebra de isonomia, independente da questão criminal, que seguirá sendo apurada pela Polícia Federal.

ESCLARECIMENTO 

Segundo informações da diretoria do Colégio Christus, o Enem promove testes anteriores com parte das escolas do Brasil, o chamado pré-teste. Em nota, o colégio informou: “Como há o pré-teste de questões utilizadas no ENEM, existe a possibilidade de que essas questões caiam no domínio público antes da realização oficial do exame, as quais eventualmente podem compor o banco de dados de professores e de outros profissionais da área de Educação. Uma instituição de ensino que tenha profundo conhecimento da TRI – Teoria de Resposta ao Item –e possua vasto banco de questões originadas das mais diversas fontes poderá ter boa margem de acertos nas avaliações do ENEM e de outros vestibulares”.


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