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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

COLEÇÃO NIPO-BRASILEIRA - Dama da arte expõe obras em Fortaleza


Quarta, 16 de Novembro de 2011


“Ela é uma pessoa muito inquieta”. Assim Tomie Ohtake, de 97 anos, é definida por Max Perlingeiro, curador da exposição que integra 24 obras da artista. Japonesa, radicada brasileira, Ohtake é conhecida mundialmente, sendo considerada, hoje, a grande dama da arte brasileira. Pensada desde 2008, a Mostra apresentada na Capital, na Galeria Multiarte, reúne 12 gravuras, sete pinturas e cinco esculturas. Obras da artista que com mais de nove décadas de vida, ainda acorda cedo e trabalha o dia inteiro, estão à disposição do fortalezense. A visita é gratuita e pode ser feita até o dia 17 de dezembro.

COLEÇÃO 

A abstração poética, característica dos trabalhos de Ohtake é clara na exposição constituída de raras pinturas das décadas de 1960 até 1980. Obras da série Pinturas Cegas, momento em que artista elaborou quadros experimentando a sensação de fazê-los com os olhos vendados. “As vendas nos olhos durante o processo da pintura tinham o sentido de chegar ao limite da percepção”, destacou Max. 

Já as gravuras em metal, foram feitas em 2008. No início ela trabalhou com serigrafia, depois litografia e na década de 1980, iniciou a gravura em metal. “A partir daí ela passou a ter um compromisso maior com a gravura”, comentou o curador. As esculturas fazem parte de uma série desenvolvida pela artista entre 2006 e 2009. E para o momento em Fortaleza, a artista fez uma escultura especial.

ESCULTURAS 

Produzido inicialmente em um corpo de prova, o trabalho que rende homenagem ao Ceará integra as obras construídas em tubo de aço carbono, pintadas de branco. Ohtake torce e retorce o que está ao alcance da mão e a equipe encarrega-se de materializar em proporções gigantescas, aquilo que a mente da artista de mão leve projetou. “Ela projeta a angulação e visualiza a forma”, comentou Max. 

A luz dá o tom das esculturas, que saem das paredes e do teto. As sombras na galeria imprimem os desenhos projetados por Ohtake. O trabalho da artista também ilustra a frente do Aeroporto Internacional de São Paulo, que abriga uma escultura de oito metros. O Centro Cultural da mesma cidade, também foi presenteado com uma obra que simula o movimento das ondas do mar.

QUEM É TOMIE OHTAKE? 

Nascida em Kyoto em 1913, Tomie Ohtake veio para o Brasil, em 1936, para visitar um irmão japonês. Quando chegou em São Paulo, logo teve início a Segunda Guerra Mundial, fato que a impediu de voltar para seu país. No Brasil ela cresceu, criou dois filhos. Pintou o primeiro quadro aos 39 anos de idade, motivada por um grande artista japonês. Tomie Ohtake fez parte de um grupo nipo-brasileiro, em 1936. Com a Segunda Guerra, a colônia japonesa foi segregada, e esse grupo se desfez. Retomam as atividades em 1949, quando o mundo já trabalhava com arte abstrata. No Brasil a tendência chega somente da década de 1950. Ohtake, como todo artista, começa figurativa e depois torna-se abstrata. Daí em diante segue produzindo arte, que agrega pinturas, esculturas e gravuras. No próximo dia 21, ela fará 98 anos.

SERVIÇO

Exposição Galeria Multiarte
Rua Barbosa de Freitas, 1727, Aldeota
De 18 de novembro a 17 de dezembro de 2011
De segunda a sexta-feira das 10 às 18 h - aos sábados das 14 às 20 h
Entrada franca
Fone: 3261.7724

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