A marca Evolutivo também está sendo posta à venda e grandes escolas já estão interessadas em absorver alunos
29.11.2011| 01:30
A Organização Educacional Evolutivo anuncia o fim das atividades para 2012. Ontem, o presidente da organização, professor George da Justa Feijão, declarou, via redes sociais, que o Colégio Evolutivo não mais abrirá matrículas em 2012. O anúncio foi feito 15 dias após a notícia do fechamento da Faculdade Evolutivo (Face).
A Faculdade e as duas sedes do colégio possuiam cerca de 2,2 mil alunos, que devem migrar para outras instituições educacionais. O professor George deixa claro que não se trata de um caso de falência, pois todos os compromissos financeiros serão administrados. No entanto, admite que a relação entre custo e faturamento estava descompensada. A inadimplência, segundo o professor, estava em torno de 50% das matrículas.
“Não estava mais compensando financeiramente. Eu precisava de um aporte financeiro significativo. Fui até onde eu pude. Como as coisas só tendiam a piorar, preferimos não continuar. Não há interesse em prosseguir, mais um ano nessa relação em que não se recebe”, explicou George ao O POVO por telefone.
Desde a sanção da Lei nº 9.870, de 1999, pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, não se permite a aplicação de penalidades pedagógicas ao aluno inadimplente.
As atividades da organização vão até fevereiro, período de transferência dos alunos e de desligamento dos professores e demais funcionários, além da administração das dívidas. “Dívidas existem, mas tem muito a receber de valor também. A empresa não faliu. Haverá gestão do passivo da escola’, reitera o presidente da organização.
Entre o tempo de professor e aluno do Evolutivo, Paulo Lira, 42, soma quase 29 anos. Ele lamenta o sofrimento dos proprietários para tentar manter a escola aberta. “É com muita tristeza que a gente vem acompanhando, nesses últimos três anos, o esforço de tentar honrar os compromissos. É uma escola idealista, que enfrentou muito essa inadimplência. A gente (professores) chegou a segurar seis meses de salário atrasado”, comenta.
Pela Internet, o economista Anderson Passos Bezerra, 26, soube do fechamento do colégio. Cursou o antigo “ensino médio” por lá. “Dá uma certa estranheza, pelo tamanho que era. Tinha o mesmo ritmo dos grandes, aula de domingo a domingo. Não ficava a dever em nada. Os professores ensinavam em outros grandes colégios também”, lembra o ex-aluno.
Uma característica das instituições era a concessão de bolsas de estudo. Bezerra lembrou de um período em que cerca de metade dos alunos tinham bolsas integrais. “Para o ensino de muita gente, foi um marco”, avalia.
Alunos para o Christus
O professor George foi procurado por escolas interessadas em absorver os estudantes do Evolutivo. “Os alunos estão preferindo ir para o Christus, que está dando uma certa atenção e algum tipo de desconto”, informou.
As transferências já tiveram início. Em 1980, surge o Colégio Positivo, que passou a ser Colégio Evolutivo, em 1992. Chegou a ter nove sedes em Fortaleza e 15 mil alunos no mesmo ano, destacou George Feijão, que tem 41 anos de atuação na profissão de educador, 31 dos quais à frente do Evolutivo.
ENTENDA A NOTÍCIA
Escolas com características sociais, preços menores e direcionados à classe C vem fechando em Fortaleza. A inadimplência torna o negócio impraticável. Aumenta a responsabilidades das escolas públicas e das privadas que sobram no mercado.
Serviço
Informações sobre documentos, transferência e tira-dúvida para alunos: Horário: de 8h às 18h
Contato: (85) 4008.8228, número telefônico da Secretaria do Colégio Evolutivo.
Desabafo
O professor de matemática e presidente da Organização Evolutivo, George Feijão, detalha os motivos do encerramento das atividades das instituições de ensino, das quais esteve à frente por 31 anos.
Fim de uma era
As pessoas sempre querem analisar as coisas pelo resultado final. Isso é o resultado de uma nova era. O que foi o sucesso do Evolutivo? Ausência da escola pública na década de 1990. Fazíamos educação classe A para a classe C. Diante dessa chance única, nos sentíamos na obrigação de pagar, tínhamos respeito. A escola pública deverá ocupar o espaço que já deveria ter ocupado.
Educador, sempre
Tenho que conduzir essa escola, pelo menos, até fevereiro. A partir de fevereiro, sou um cara desempregado. Talvez seja até um ano sabático. Os dois últimos anos foram muitos sofridos. Tenho duas certezas: Nem vou ser mais empresário, nem professor. Mas educador continuarei sendo sempre.
Escola para classe C
Sempre existiram boas escolas para os ricos, mas nunca existiu uma escola para a classe C. O Evolutivo venceu por um longo período.
Inadimplência
É alta porque as pessoas não tem obrigação de pagar. O calote é oficial. É avalizado pelo governo. Eu não posso, como educador, descumprir uma lei. Muitas escolas, como Marista, Dorotéias e Estella Maris, que possuíam um aspecto social ou eram voltados para a classe C, fecharam. A margem entre o custo e a mensalidade é pequena. Sobre isso, a inadimplência é cruel.
Andreh Jonathas
andreh@opovo.com.br
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